quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Marisa Monte em entrevista confirma "Vai acontecer" registro do show Verdade Uma Ilusão em Dvd.


Foto: Milena Félix

Segue na íntegra a entrevista dada pela Marisa Monte ao Jornal Diário do Nordeste.
Matéria assinada por; Dellano Rios
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A cantora fala sobre sua agenda criativa e da turnê que passa por Fortaleza, amanhã e sábado

Você tem um ritmo produtivo bem distinto da maioria dos artistas brasileiros. Você demora a gravar e não está sempre em turnês.

Isso acontece porque a minha atividade criativa não é focada apenas na minha produção musical. Ela tem uma evolução natural. Meu trabalho como da cantora, da compositora e produtora vai além da minha carreira individual. Estou sempre trabalhando com outros artistas. Entre a última turnê, "Universo Particular Tour" (2006-2007), e esse disco, "O Que Você Quer Saber de Verdade" (2011), gravei e produzi o meu segundo DVD. "Infinito ao Meu Redor" (2008) também saiu como disco ao vivo. Também produzi um documentário sobre a Velha Guarda da Portela ("O Mistério do Samba", 2008, de Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor). Me envolvi bastante neste processo, pesquisei a fundo sobre o tema. Além disso, tive uma filha, a Helena, que também é um trabalho...

A cantora Marisa Monte: sua turnê atual começou em junho de 2011, em Curitiba, e já passou por 11 capitais brasileiras. Até agora, Fortaleza é a última parada confirmada no País, antes de a artista embarcar para Portugal, onde se apresenta em abril.

De que maneira você organiza esta agenda criativa?

Tenho o cuidado de ver o ritmo natural da alma. Tento viver numa velocidade própria, senão não adianta. O ritmo de criação é muito aliado ao dia a dia, ao que você faz, para onde você viaja, o que você vê. É preciso ter uma vida pra poder criar. Esse tempo entre um disco e outro é fundamental para que as ideias surjam, para que a inspiração surja. Sempre foi assim pra mim. É o único jeito que sei fazer as coisas. Meu trabalho como artista é um reflexo da minha vida. O que acontece é que esta sensação de intervalo vem de uma visão um tanto distorcida. Acontece é que, no meu trabalho, são os shows que têm mais visibilidade. É nas turnês que tenho um contato mais frequente com a imprensa; nos shows, tenho um contato direto, físico até, com o público. Daí que, quando não faço shows, é como se não estivesse fazendo nada (risos). As pessoas não sabem quando estou produzindo outro artista, preparando um DVD, compondo ou gravando o próximo disco.

Disco e turnê são pensados ao mesmo tempo ou são trabalhos que você executa separados, numa sequência?

Primeiro vem sempre o disco. Penso nos conceitos sonoro e temático que ele vai ter. Depois, a própria feitura do disco, a gente vai pensar como ele vai se desdobrar no palco. Pensar como aquela ideia que o disco traz vai se adaptar para um meio audiovisual, que é o do palco. Penso maneiras de potencializar as canções novas, a maneira como vão ser apresentadas ao público. Durante o processo, você começa a imaginar como vai ser a banda da turnê, como vai usar outros recursos para ampliar a experiência da música. Quando o CD fica pronto, você já tem uma boa ideia de como ele vai ficar no palco. É o próprio disco que te obriga a essa reflexão.

Desde que a turnê estreou, você fez algumas mudanças no repertório. Como você faz para a turnê não se tornar repetitiva para você?

Para uma turnê, a gente sempre ensaia um repertório mais amplo do que aquele que apresenta no show. Ensaiamos umas 30 músicas, enquanto o show só tem 23. Então, você tem uma espécie de reserva que te ajuda na hora de elaborar o repertório da apresentação. Isso permite que você faça algumas alterações no roteiro do show, ao longo da turnê. Se vou para o Nordeste, para Fortaleza, posso preparar uma coisa especial para aí. Se vou para o exterior, posso preparar alguma canção especial para determinado país. É algo que acontece em todas as turnês que faço. Nelas, existe uma circulação natural de músicas.

Você já cansou de uma música no meio de uma turnê e retirou-a do repertório?

Isso não acontece comigo. Tenho muito carinho pelas músicas que escolho. Quando escolho uma canção pra cantar, estou assumindo com ela um compromisso de longo prazo. Porque vou um bom tempo me relacionando com ela. Por isso, tenho muito critério nessas escolhas, faço um trabalho bem antecipado para chegar ao repertório de uma turnê. Sou bastante cuidadosa com isso.

Você já lançou seis registros audiovisuais de seu trabalho. Com o enfraquecimento do CD diante dos formatos não-físicos de música digital, o DVD tornou-se um imperativo?

Todas as minhas turnês viraram DVDs ­- as primeiras foram lançadas ainda em VHS, claro. Eu acho isso uma coisa importante a se fazer. Primeiro, porque um registro deste momento fica aí, pra depois. Segundo, porque esse produto pode ir onde eu não posso ir, fisicamente, com a minha turnê. Eu gosto deste formato. O meu primeiro disco, "MM" (1989), é ao vivo e foi lançado na época junto com o vídeo da apresentação. Os ao vivo são importantes, independente de uma questão de mercado. É um critério artístico. Não tem como fazer uma turnê bacana, caprichada, de êxito, com uma comunicação bacana do público e não fazer um registro deste momento.

E esse DVD de "Verdade, Uma Ilusão" já foi gravado?

Ainda não, mas vai acontecer.

O que você quer saber do novo show de Marisa Monte

É preciso uma boa dose de mau humor para se dizer cansado de Marisa Monte ao vivo. A cantora carioca tem uma carreira atípica para os padrões brasileiros. Ela prefere se envolver em outros projetos (nem sempre relacionados à sua carreira solo) a emendar uma turnê na outra. Isso torna seus shows um tanto raros. A turnê anterior, por exemplo, terminou em 2007 e a atual só começou cinco anos depois.

Marisa também pensa um conceito para cada turnê. E isso não é da boca para fora. Quem já tem um bom currículo como espectador dos medalhões da MPB e do pop/rock nacional sabe que muitos artistas e bandas engessam suas apresentações por anos, apostando nos hits que têm, repetindo as mesmas piadas e gracejos com o público e se arriscando pouquíssimo. Aliás, o maior risco eles correm sem muitas vezes se dar contar: tornam-se enfadonhos.

O Diário do Nordeste esteve na primeira apresentação da cantora em Recife, na semana passada. É notável que os arranjos e a execução dão mais vida ao cancioneiro da cantora, bastante centrado na aproximação da música popular e o pop. Tal qual seu trabalho mais recente, o álbum "O Que Você Quer Saber de Verdade" (2011), cheio de ecos de Roberto Carlos, em sua verve romântica mais exacerbada, e incursões pelo forró e o xote.

Ao vivo, Marisa tem apresentado uma média de 23 canções. Do novo disco, a cantora apresenta até oito delas - incluindo, claro, os hits que emplacou do CD de 2011. Não faltam músicas de sua carreira solo (mas não cabe "Bem que se quis") e d´Os Tribalistas (contudo, "Já sei namorar" ficou de fora).

Atrativos extras dos shows de "Verdade, Uma Ilusão" são o guitarrista Lúcio Maia, integrante da Nação Zumbi, e o sanfoneiro cearense Waldonys.

Allan Mello
Equipe Blog Marisa Monte e Cia

4 comentários :

Anônimo disse...

Daqui a 5 anos teremos um disco de Marisa Monte ou será lançado em outro formato?
Seja lá qual for, quero muito que ela deixe essa fase tribalista, linguagem "brega" romântica de lado.
Boto fé, que isso vai acontecer no próximo lançamento.
Não gostei do novo disco, mas fiz as pazes com a mesma quando vi o show devido a sua performance nas canções e a caprichada produção do espetáculo.
Aliás, seus shows sempre foram belíssimos.
PS: Diferente de muitos fãs, que vejo pedindo nas redes sociais Tribalistas 2 tô fora! rsrsrs.

Milena Félix disse...

Noticia boa essa!!!Estamos aqui ansiosos para que esse registro aconteça. Um show lindo, de bom gosto, poético e bem feito como esse merece um DVD no mesmo nível. Depois de assistir esse show
em diversas cidades, percebo que cada um tem uma energia diferente. Marisa não nos deixa sentir uma única emoção. É nessa energia que me encanto.É nas suas músicas e na sua voz que me encontro. E que venha o tão esperado DVD.

Mário Ferreira disse...

Parabéns Pela matéria!!!

Já pensou um DVD em 3D potencializando os efeitos do show?!!

Do jeito que a Marisa valoriza a estética do seu trabalho, não duvido...

Cristiane disse...

Meodeosdoceo....Um DVD??? Será o máaaaximo =)